Ele só largou as chaves encima da mesa e foi direto pra sacada pensar...
Achava tão estranho, as pessoas passando assustadas, apressadas, perdidas...como todo mundo é parecido visto por essa visão.
Do lado da sua consciência repousava uma estranha sensação de desconforto, e na realidade nem todas as coisas que aparecessem agora iam fazer alguma diferença, a decisão estava tomada, o caminho era um só e nada mais podia ser feito a respeito.
Tudo arrumado...detalhes que devem ser checados e não podem ser deixados pra tras: cadernos e diarios arrumados de forma que tudo seja facil de encontrar e se descobrir, está tudo lá, escancarado para os olhos, sentidos e opiniões.
Gavetas arrumadas numa linear e incompreensiva ordem, visto que a vida como um todo era só isso: desordem...falta de sentido, tudo colocado de forma a não trazer problemas, revistas organizadas por importância, anotações, rabiscos, rascunhos...é o fim mais escancarado que já se viu.
Da sacada do prédio é tudo tão pequeno mesmo, quanto tempo pra chegar lá embaixo? o que vai acontecer depois? " - eu não sei...eu não sei "
Essa ansiedade pelo desconhecido fascina, pode ser bom, pode não ser...mas a vida é isso mesmo, descobertas, possibilidades e enfim, sobretudo e finalmente:
O fim.
Os carros passando, as pessoas...sempre as pessoas, essa decisão pode e vai doer, do alto da sacada ele pensava no quanto era difícil desistir a cada dia da própria vida.
Como uma ultima atitude, sem voltar no que diz, volta pra sala e pega a chave que estava encima da mesa.
De volta à sacada, é tudo simples o sorriso no rosto, o medo... - é agora, pensou ele.
De agora em diante ele decidiu viver.
Por você.
Poxa...
ResponderExcluireu fiquei até sem palavras. Como você consegue descrever com tanta precisão os sentimentos. E os detalhes me facinaram... Confesso que já vi essa paisagem algumas vezes. Só não descobri ainda qual é a força que me mantém apenas na sacada...
Enfim...
adorei o texto, fascinante e surpreendente. Não esperava esse final.